Voa, minha passarinho

O amor é sentimento. É a antítese da razão. É o sublime que nada tem a ver com o mundano. Mas o professar desse sentimento, isso precisamos aprender.

Talvez por causa da minha criação, por causa do meu contexto histórico, eu sempre entendi amor como sofrer. Amar é padecer. Portanto, a única forma que eu enxergava em demonstrar amor distante era sofrendo. A saudade, sentimento característico dos apaixonados, só aparecia como dor. Estou sofrendo por sua falta, logo, te amo e estou com saudade.

Mas as grandes navegações passaram, o mar salgado de Portugal não é mais salgado por causa das lágrimas de saudade das mães e das esposas, preciso ir além do Bojador.

O que estou tentando dizer, de maneira bem prolixa, é que minha maneira de expressar saudade e amor distante sempre foi demonstrar sofrimento, porque assim eu enxergava que a pessoa sentia o quanto eu gostava da presença dela, ainda faço isso com minha família "estou com saudade + emoji de choro", mas não é a maneira mais saudável de se fazer isso.

Quando a gente ama, não queremos sofrimento. O amor, o bom amor, não precede padecer, ele se importa com felicidade. É possível estar com saudade e não estar em isolamento social por causa do seu sofrer, e isso só podemos aprender quando vemos um vídeo da pessoa que amamos dando risada ao alimentar animais fofos.

Peço perdão por todas as vezes que te dei inseguranças sobre a sua ausência, todas as vezes que disse mais sobre a minha tristeza quando você não estava do que sobre a minha empolgação nas coisas que você faria na sua ausência. Peço perdão por padecer tanto que esqueci de comemorar.

Estou com muita saudade, sinto muito sua falta, mas estou bem, vou ficar bem e vou me divertir enquanto você se diverte! Porque só assim, quando você chegar, vamos reviver as memórias felizes, sem correntes melancólicas.